A medicina é uma profissão desafiadora, na qual os profissionais devem atuar com cuidado para evitar violações éticas que podem levar a processos disciplinares. Sabemos, contudo, que muitas vezes o médico, mesmo atuando corretamente, é processado pelo paciente com base em fatos falsos e fundamentos equivocados.
Logicamente, o melhor cenário é o médico nunca responder sindicância e/ou processo ético. Entretanto, quando ocorrer, é importante que o profissional saiba que existem várias estratégias que podem ajudar a minimizar o risco dessa situação.
1. Manter-se atualizado e seguir as diretrizes éticas
Pode parecer óbvio, mas não raro os médicos e suas instituições incorrem em violação ética por puro desconhecimento ou até mesmo por interpretação equivocada de normas. É importantíssimo que o médico esteja atualizado com o Código de Ética Médica, assim como com resoluções, pareceres, notas técnicas, recomendações e outras normas editadas pelo Conselho Federal de Medicina e pelo respectivo Conselho Regional onde atua.
Um exemplo prático disso é o médico que realiza publicidade de sua especialidade sem possuir Registro de Qualificação de Especialidade (RQE), exigido por resolução do CFM. Muitos médicos, infelizmente, afirmam desconhecer a necessidade desse registro.
2. Comunicação clara e eficaz
Muitos processos éticos surgem de falhas na comunicação. Seja ao explicar um diagnóstico, discutir opções de tratamento ou comunicar más notícias, é essencial que os médicos se esforcem para comunicar-se de maneira clara, compreensível e empática com seus pacientes e, principalmente, familiares.
Quanto mais informação for dada ao paciente, principalmente com relação a diagnósticos, bem como a riscos e expectativas de procedimentos e tratamentos, mais consciente e preparado ele estará para a tomada de decisões, sendo necessária a elucidação de todas as dúvidas que surgirem.
Isso porque o médico pode responder não apenas por erro médico, mas também por falta ou defeito de informação. Vemos que a informação é um elemento importantíssimo na relação médico-paciente.
3. Documentação adequada
Para evitar processos éticos e judiciais, não basta informar. É salutar que o médico instrua o prontuário com todas essas informações, seja as colhidas como as informadas ao paciente, principalmente quando sentir a necessidade de registro de alguma situação que possa vir a gerar questionamento judicial.
Em uma consulta de emergência, por exemplo, a descrição detalhada do estado de saúde do paciente naquele momento é crucial para a defesa de um processo no futuro. Exemplo disso é o paciente que afirma na consulta ter se automedicado em casa ou que afirma já ter se submetido a cirurgia passada que possa vir a dificultar o tratamento. Todos esses fatos precisam estar detalhadamente descritos no prontuário ou ficha médica.
A documentação completa e precisa é um componente vital para o exercício da profissão e para a própria defesa do médico. Ela serve como justificativa da tomada de decisões e das próprias ações do médico, sendo importante no momento de sua defesa.
4. Consentimento informado
A elaboração de um termo de consentimento bem explicativo, que seja personalizado para o procedimento ao qual o paciente vai se submeter, é essencial para o médico. Isso porque nele estarão discriminados todos os riscos, alternativas e possíveis benefícios do tratamento. Dessa forma, o documento servirá para equilibrar as expectativas do paciente e alertá-lo de que a atividade médica é de meios (e não de resultado), avisando-o de possíveis problemas que podem surgir com o ato médico.
Além disso, o termo de consentimento será importante para comprovar que foi dada informação ao paciente sobre o preparo do procedimento e sobre as regras que devem ser seguidas após o referido procedimento, sem as quais o sucesso do tratamento poderá ser prejudicado.
Outro fator importante é que o termo de consentimento não pode ser um documento com texto fixo e eterno, devendo ser modificado regularmente pelo profissional. Eventuais ideias, problemas e queixas devem ser sempre anotadas, para posteriormente se pensar na modificação ou atualização das cláusulas.
O consentimento informado é um aspecto fundamental da ética médica. Antes de qualquer procedimento, é importante que seja assinado o termo de consentimento para comprovar que o paciente foi alertado de todos os riscos, benefícios e alternativas do tratamento, além de outros assuntos importantes sobre a relação médico-paciente.
5. Assessoria jurídica
Nos dias atuais, em razão da maciça judicialização da medicina, onde muitas vezes o médico, apesar de ter atuado com êxito no tratamento do paciente, acaba respondendo por sindicâncias, processos éticos e processos judiciais, é importante que o profissional procure a assistência jurídica de um advogado especializado, para não apenas se defender, mas também para agir preventivamente em situações completamente reversíveis.
A prática da medicina vem com uma responsabilidade significativa, e os profissionais devem tomar todas as medidas possíveis para evitar ou minimizar violações éticas. Compreendendo e seguindo as normas éticas; prestando informações claras e adequadas; instruindo prontuários e fichas com detalhes sobre atendimentos, exames e procedimentos; elaborando termos de consentimento personalizados; e contando com assessoria jurídica especializada, os médicos podem reduzir o risco de processos éticos e fornecer o melhor atendimento possível aos seus pacientes.
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Artigo elaborado por Gepp Advogados Associados. OAB/RJ 21.315
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